domingo, 11 de outubro de 2009

Os meus avós maternos


Estou a iniciar o meu blog e pretendo fazê-lo com uma homenagem aos meus avós maternos e em especial ao "AVÔ GENERAL". O Avô General nunca foi militar. A alcunha vem de muito jovem, quando começou a trabalhar numa fábrica de conservas. Mas a sua história vai ser contada por ele próprio já que, antes de partir, com 93 anos de idade, a deixou escrita, assim como um romance de sua autoria, o qual também tenciono aqui transcrever.


“O GENERAL”

(PELO PRÓPRIO)

ANTÓNIO FERREIRA DA SILVA, Reformado, por alcunha “O GENERAL”. tem hoje 89 anos feitos no passado dia 4 de Novembro.


Nasceu em Matosinhos no ano de 1891.

Sua meninice foi passada na rua do Portelo, hoje a conhecida França Júnior, onde a casa se encontra em ruínas.

Aos doze anos uma nova vida começou - como moço de soldador na Fábrica de Conservas de Lopes Coelho Dias & Filhos,Ldª, em Matosinhos.

Como os soldadores às vezes não tinham aviamento e passavam algumas horas sem trabalho, visto que o trabalho era por peça, reuniam-se para conversar sobre os problemas diários, e sobre a correspondencia que vinha da Associação de Setúbal.

Os moços ouviam as conversas onde se falava de greves e o António informou-se do que era uma greve e, chegou à conclusão de que a greve era para obrigar os patrões a darem mais dinheiro.


Assim se foram passando os meses com o mesmo ordenado e o António,que era o mais novo dos seus companheiros moços, com eles resolveu falar aos seus oficiais, no sentido de aumentarem os ordenados que eram então de 3 vinténs, para 4 vinténs no vazio e, 5 vinténs no cheio.Mas os patrões negaram o aumento. Assim o António intimou os seus companheiros para, da parte da tarde, não entrarem ao serviço sem que os oficiais lhes dessem mais dinheiro.

Ao último toque da fábrica os moços, com medo de perderem o emprego, entraram todos, menos o António.

Como era costume todos os dias, o patrão, Sr. Ernesto Lopes, passava para examinar os trabalhos e deparou com uma discussão e perguntou ao encarregado o que se estava a passar.

Logo o encarregado respondeu que os moços tinham tido intenção de fazer greve e que faltava um, que era o autor da greve.


Ao fim da tarde o patrão voltou a passar e perguntou ao Encarregado se o “general da greve” já tinha chegado _ e o Encarregado apontou para o António.

Como todos os oficiais soldadores ouviram o nome de “General”, assim ficou a ser conhecido.

Passados seis meses, entrou para o quadro como efectivo e, foi sempre subindo de categoria até que chegou a Encarregado Geral das conservas.

Como estava habituado a ter muita lida, quando se reformou sentindo a falta do trabalho, logo pensou em alguma coisa para se entreter.


Começou então por fazer bonecos em madeira, ao que os seus familiares acharam muita graça, alguns dos quais se encontram em sua casa e em todas as casas dos seus familiares.

Quando se aborreceu de fazer bonecos, pensou imediatamente em que iria ocupar os seus tempos livres. Lembrou-se então de contar uma história.

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